Pular para o conteúdo principal

ANUNCIO

>> “PROBLEMA RESOLVIDO NO LOCAL”

No dia-a-dia do rádiopatrulhamento, principal atividade desempenhada pelas polícias militares brasileiras, a frase que intitula este texto é ouvida não raras vezes. Mas o que o policial quer dizer quando afirma que um problema “foi resolvido no local”?

Analisando-se friamente a atividade policial militar, quando a central de operações determina a uma guarnição que realize a averiguação de certo fato – denúncias de brigas, dano ao patrimônio, perturbação do sossego, uso de drogas e outras – só há duas possibilidades: a existência, ou não, do delito.

Caso tenha ocorrido, cabe ao policial realizar o registro, levantando todos os dados e circunstâncias, caso não, cabe informar à central que a denúncia não se confirmou. Se a resposta à nossa pergunta for “sim” e os infratores estiverem cometendo o ato delituoso no momento em que a polícia chega, na maioria dos estados brasileiros, não há alternativa legal: condução à delegacia.

E o que é essa quarta medida, que chamamos de “resolver o problema no local”? Em muitos casos, a expressão é sinonímia do disposto no Artigo 319 do Código Penal Brasileiro:
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
Ao ver uma briga ocorrer, digamos que policiais aparentemente acalmem os envolvidos, e ambos se comprometam a ir para casa e deixar a rusga de lado. Após os policiais se retirarem, um deles resolve não cumprir o acordo, vai em casa, apanha uma arma e mata o desafeto. Sem registro de que tomaram a medida legal, pois de fato não tomaram, os policiais podem ser alcançados por não terem chegado ao fim devido da ocorrência.

Um possível recente caso de “resolução no local” ocorreu quando policiais militares do Rio de Janeiro liberaram o motorista que atropelou o filho da repórter Cissa Guimarães:
“Os policiais do 23º BPM (Leblon) que liberaram o motorista do Siena preto que atropelou o filho de Cissa Guimarães, após abordagem, serão afastados das ruas até que a polícia apure os fatos. A medida foi anunciada pela corporação nesta quarta-feira. Em nota, a assessoria de Polícia Militar informou ainda com os novos dados apresentados a Corregedoria Interna irá apurar “com rigor” todo ocorrido.”
Leia mais n’O DIA
O carro em que o responsável pelo atropelo conduzia “estava com o para-brisa, para-choque e farol quebrados, além de capô muito amassado”.

Também cabe aqui a consideração de outros fatores, primordiais na avaliação da cultura de omissão que permeia o serviço policial militar quando estamos tratando de ocorrências aparentemente simples. O fato é que aplicar a lei pode significar o travamento do serviço policial ostensivo, já que a organização do sistema de segurança pública atual baseia-se na apresentação à delegacia de polícia, onde os procedimentos chegam a durar horas.

É preciso priorizar ações “relevantes” – apreensão de drogas (tráfico) e armas, averiguação de homicídios e roubos etc. No caso em destaque, para apreender o veículo do responsável pelo atropelo, seria necessário esperar pelo menos meia hora, com sorte, para que o guincho chegasse, e os policiais, segundo se diz pela imprensa, não portavam sequer os formulários necessários à apreensão do veículo e autuação do infrator.

Em dados momentos, descumprir a lei é garantir o serviço prestado à sociedade, em outros, descumpri-la trará pesado ônus para o policial que se aventura. Nesse caos do atual sistema de segurança pública brasileiro, onde os recursos são escassos e as necessidades ilimitadas, a “flexibilidade” e o “bom senso” de cada policial vão produzindo o que se pode de resultado. E os cursos de formação nas PMs ainda apregoam um profissional retilíneo, sisudo, que ignorem o apelo à subjetividade…

Fonte: Abordagem Policial

Comentários

  1. sempre é o policial que está errado neste caso ninguem fala que este cara morto estava em um local e horário incomum para andar de eskeit o que que este filhinho de papai tinha na cabeca e olhe que ele não era nenhum adolescente já tinha idade suficiente é claro que a ação da policia não foi a correta mais o fato de ser filho de uma pessoa famosa teve esse alarde todo será que se fosse um filho de um favelado teria esse repercução toda.na minha opinião ele errou tambem

    ResponderExcluir

Postar um comentário

ANUNCIO

Postagens mais visitadas deste blog

GOVERNADORA GARANTE SUBSÍDIO PARA OS POLICIAIS E BOMBEIROS MILITARES

A governadora Rosalba Ciarlini anunciou na manhã desta quinta-feira, 25, no Quartel do Comando Geral da PMRN, que o governo irá transformar os salários dos Policiais e Bombeiros Militares em subsídio, buscando a sua equiparação com as outras categorias da segurança pública do estado. Ela explanou que esta mudança irá começar a acontecer a partir de 2012 de forma parcelada. Pois não pode realizar de forma imediata. Resta-nos apoiar as pessoas que estão à frente das nossas reivindicações, cobrando agilidade em todas as negociações e estudos, para que a Lei do Subsídio seja encaminhada a Assembleia Legislativa até outubro de 2011 e possa desta forma entrar no orçamento do estado em 2012. No final da manhã, centenas de policiais e bombeiros militares realizaram uma passeata até a sede do governo para comemorar o Dia do Soldado e agradecer a atenção da governadora Rosalba Ciarlini. Em breve divulgaremos o vídeo do pronunciamento da governadora Rosalba Ciarlini no Quartel do C...

GOVERNADORA PEDE TEMPO AOS 824 SUPLENTES DA PMRN

Boa parte dos 824 aptos da PM-RN esteve presente na formatura dos novos 103 soldados em Mossoró-RN, na ocasião como forma de serem vistos pelo governo para sensibilizar e assim poderem dar continuidade as etapas "exames de saúde e curso de formação". A governadora Rosalba Ciarlini agiu com muita simpatia e pediu tempo aos candidatos, sendo aplaudida pelos mesmos e deixou bem claro na sua expressão que a continuidade das etapas irá ocorrer. Estes 824 suplentes, já realizaram o exame físico e aguardam tão somente o exame médico e o curso de formação. A falta de efetivo nas unidades operacionais está prejudicando bastante a prestação do serviço de segurança pública a sociedade, e a formação de novos 824 policiais irá solucionar este problema. Escrito por Cabo Heronides.

"NÃO TENHO REMORSO"

Sargento Danúbio Velloso Ele bem que avisou. “Rapaz, não precisa fazer isso. Pega minha bíblia do chão. Devolve pra mim” . Além de não lhe darem ouvidos, seus raptores fizeram pior: pisaram na escritura. Debocharam. Fizeram pouco caso. Desrespeitaram sua religião. Agora, além de terra e lama, há manchas de sangue no livro sagrado. Sangue dos dois jovens que não obedeceram e foram mortos. Não foi por este motivo que Daniel Lima da Silva, de 16 anos, perdeu a vida. Muito menos seu comparsa, um rapaz que só foi identificado até o momento como Queixinho. Ambos foram baleados fatalmente porque raptaram um policial do Batalhão de Operações Policiais Especiais, o BOPE. Tudo aconteceu na noite da última sexta-feira. Porém, foi somente ontem, com exclusividade ao NOVO JORNAL, que o 2º sargento Danúbio Velloso de Castro Filho, de 42 anos, concordou em falar sobre os momentos de angústia por que passou. “Tive muito medo. Quando eles me levaram para o meio do mato eu tinha certeza que iria m...