Por Marcos Teixeira, poeta, sociólogo e pensador*
É obvio. Não estamos no sec. XVII. A igreja não mais nos persegue e a inquisição esvaiu-se na sua própria ignorância. Os inquisidores se foram para o fogo do inferno.
Sério?
Claro que não !
Os inquisidores estão aí travestidos de reformadores,discursando nas assembléias, sinagogas e formaturas, falseando suas próprias idéias em troca de seu bem estar e do de sua casa.
A classe dominante é a mesma, os princípios religiosos se assemelham e o mau-caratismo do ser humano permanece intacto. A única mudança visível é a forma como tentam se impor incontestavelmente. Inventaram um anestésico chamado ideologia. Mais eficaz que a guilhotina, mais aterrorizante que a fogueira, mais tenebroso que a fôrca, que juntas engoliram vários revolucionários e homens que conseguiam enxergar a frente de seu tempo.
E a ditadura militar já se foi?
Não! Continua rondando o âmbito dos quartéis, e como fênix, ressurge das cinzas cada vez que um ditador é contrariado, atacando ferozmente, insensivelmente, ignorantemente, o primeiro inimigo que ameace seu postulado.
O mal do século na contemporaneidade é a ignorância. E não estamos falando de homens rudes, analfabetos, órfãos das ciências e das letras. Estou falando de falsos profetas do conhecimento, que fragmentaram seus cérebros obtusos lendo orelhas de livros do mal e depois se emprestam com sua cegueira, a classe dominante, sendo-lhes servis e instrumentos de manutenção e disseminação de ideologias mesquinhas e maldosas, que aos poucos,atravancam a evolução lógica e necessária do pensamento humano.
Mas é justamente o silencio dos justos, que preocupa mais que o grito dos injustos, disse certo pensador. Os príncipes que tentam edificar seu principado pelo medo, são os incapazes, e no classicismo da historicidade humana, nenhum deles conseguiu se edificar de forma duradoura.
Os capazes, utilizam-se da razão, do diálogo, do aprendizado constante, da divisão de responsabilidade, da descentralização de poder etc... Os incapazes, maquiavelicamente, buscam ser o cavalo, ao invés da raposa, e após o coice, se prevalecem do escudo da ignorância e da estupidez para auto defesa. Infelizmente terão tenebroso resultado.
Tiradentes, o alferes de cavalaria da polícia de minas gerais, e hoje patrono da policia militar, foi visto como um incômodo pensador. Articulou-se contra a ordem (ou desordem) de sua época e depois traído por uma leva de oficiais superiores, foi conduzido ao patíbulo. Porém manteve-se firme no seu propósito e a seus ideais, reafirmando que um homem sábio precisa ter opiniões e princípios e ser fiel a eles.
Não nascemos para a subserviência! Como revolucionários repudiamos todo tipo de autoritarismo, abominamos todo tipo de abuso e revoltamo-nos contra qualquer tipo de injustiça praticado contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo.
Envergonha-nos a postura dos despatriados que vivem por se agarrar aos trapos e sobejos da classe dominante em troca de pseudo-poderes ou de um falso status social que alimente seu ego, por que na vida não conseguiram nada mais do que serem meros servis, e após escaparem no banquete magro da maioria, apojam-se no peito lactoso da minoria dominante e esquecem que antes de serem o ouro de tolo que o são, já foram o bronze opaco dos oprimidos.
A mordaça é o símbolo mais contundente dessa classe. Os homens de visão são os piores inimigos. Mesmo não representando ameaça alguma diante dessa já viciada conjuntura que se estabeleceu desde o legado da grande revolução de 1789.
Nos os sem nome, comedores das migalhas que escapam do banquete real, não temos direito se quer de reclamar-mos? Por quê? Que nova lei restabeleceu a mordaça? Qual será a que ressuscitará a guilhotina? E a fôrca quem restabelecerá?
A mordaça não é imoral por estarmos no século 21, ela é imoral por que sempre foi. Da idade antiga a pós-moderna, nada justifica querer que calemos diante de tantas atrocidades e deixemos a ignorância soterrar a razão, por sua famigerada avalanche. Se assim o fizermos, seremos os covardes da idade em tese.
Chega de fome. Fome de justiça, de igualdade, de dignidade, de sapiência, de compreensão, fome de verdade e agora quando se quer se esperava, fome da palavra.
Dia após dia somos postos em teste para que provemos nossa obediência e quando por algum motivo não correspondemos, somos trucidados por tudo quanto é pejorativo e imoral, nessa sociedade que privilegia uma minoria insossa em detrimento de uma maioria que é o sal da terra.
O império do terror já caiu. Falta-nos coragem para sepultá-lo. Não se pode admitir que sejamos forçados a compactuar com o caos da moral humana, simplesmente por que alguns que não se educaram a altura de rejeitar o banquete putrefacto da sem-vergonhice, ofertado dia após dia pelos mesmos que sobrepujam a dignidade, e que deviam condenar e rejeitar a conduta delituosa, porém a alimentam, eassim o querem.
Detesto o ócio, abomino a servidão,rejeito a subserviência, recrimino a ilegitimidade,zelo a boa moral,preservo meus direitos e luto por eles, observo atentamente meus deveres, respeito os que assim me fazem, exalto a sabedoria,busco incessantemente o conhecimento. Condeno a mordaça!
Tenho pena! Muita pena, dos que trocam a liberdade que custou tanto a tantos homens e mulheres de bom senso, pela servidão... Que tanto envergonhou e envergonha a espécie gente ao longo da história.
Cabo Teixeira
Policial Militar do RN
marcos_teixeira1@hotmail.com
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